Postada em: 22-01-2012
Por: SYLVIO MICELLI
Categoria: OPINIãO & DEBATES
AE - Agência EstadoO desembargador Walter de Almeida Guilherme, que integra o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), classificou ontem de "descalabro" pagamentos antecipados a magistrados "sem justificativa plausÃvel". O desabafo de Guilherme ocorreu durante a etapa administrativa da primeira sessão no ano do Órgão Especial da corte. Os 25 desembargadores do colegiado deram inÃcio à análise dos polêmicos procedimentos sobre desembolsos a cinco colegas que receberam valores superiores a R$ 600 mil no perÃodo entre 2008 e 2010.
A discussão foi retirada de pauta sob alegação de que, por causa das férias, a composição permanente do órgão está desfalcada e porque nem todos os contemplados apresentaram defesa. Os pagamentos milionários são alvo de investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entidades de classe da toga se rebelam ao conselho. Centenas de magistrados pleitearam nos últimos anos verbas que lhes são devidas por férias não cumpridas, equiparações e fator de atualização monetária, mas apenas um grupo seleto recebeu. O clima na corte é tenso.
O presidente do TJ-SP, desembargador Ivan Sartori, disse que "a questão merece atenção imediata não pelas notÃcias veiculadas pela mÃdia e sim pela pressão dos próprios colegas". Vinte e nove magistrados receberam verbas milionárias, entre eles o ex-presidente do TJ-SP, desembargador Roberto Vallim Bellocchi. Ele ficou com R$ 1,6 milhão. Afirma ter recebido "pouco mais de R$ 500 mil". O privilégio do qual poucos desfrutaram revoltou a grande maioria dos juÃzes que recebem seus créditos em longas parcelas mensais.